Ali (no coração) repousas tranquilamente! Deixa-me submergir no Teu mar de alegria...

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domingo, 19 de dezembro de 2010

Shiva o Dançarino



Um dos mais conhecidos nomes de Shiva é Nataraja, o rei dos dançarinos, ou seja, da dança. A dança de Shiva é considerada uma manifestação física do ritmo cósmico. Nataraja personifica o movimento do universo. O cosmos é seu teatro, e ele é ator e publico ao mesmo tempo.


Quando o ator toca o tambor,
todos vêm vê-lo.
Quando o ator junta seus apetrechos,
está sozinho na sua felicidade.



Das várias danças de Shiva, três têm significado especial. A primeira é a dança do crepuscular Himalaia, a qual vários deuses comparecem para admirar o rei dos dançarinos. Sarasvati tocava o alaúde , Indra a flauta, Brahma ficou com os címbalos, Lakshmi cantava, Vishnu tocava o tambor e os outros deuses ficaram em volta para presenciar a dança celeste de Shiva.
  A segunda dança conhecida foi executada por Shiva diante de uma assembléia de Rishis (santos) na sala dourada de Chidambaram, o centro do universo. Shiva, de quatro braços, com correntes, braceletes  adornados de najas, venceu nesta dança um tigre selvagem, uma horrível serpente e o astuto anão Muyalaka. quando o deus-serpente Sesha viu a dança, submeteu-se a exercícios ascéticos na esperança de ver Shiva dançando mais uma vez. Alguns Rishis, que até então somente tinham enaltecido Vishnu, reconheceram nesta dança a prova da superioridade de Shiva.
  Com a terceira dança, cósmica (Tandava), Shiva procede à aniquilação do mundo ao final de cada era. Segundo a concepção hindu, essa destruição implica um novo começo. e assim, apesar do papel de destruidor, a Shiva, como deus da criação, compete a recriação; ele é "aquele que promete o bem". Shiva, o ser superior, é a fonte primordial de todas as coisas do cosmos, tanto as más como as boas, as visíveis e as invisíveis. Como criador e aniquilador, ele uni em sua figura todos os pares de contrários, permanecendo entretanto acima deles, calmo e desinteressado.
  A dança de Tandava representa a destruição do mundo das ilusões de Maya. Todo o cosmos visível nada mais é que uma ilusão, uma miragem que oculta o verdadeiro ser. Somente quando se olha através das esferas externas das aparições palpáveis e visíveis é que se pode avançar em direção ao puro, ao absoluto, seja qual for o nome que se lhe dê (absoluto, transcendente, imortal,etc.). O fundamento propriamente dito de Maya, que envolve a verdade como um véu, é a contradição. Os lados escuros da vida formam um contrapeso para os claros. Ambos os dois lados se intercalam como a suave bondade dos deuses e a sinistra ambição dos demônios. O mundo é uma mistura de bem e mal, de felicidade e de infelicidade. E para suportar o aspecto eternamente fluido do mundo torna-se necessário aceitar a totalidade. O adorador de Shiva sente-se como uma manifestação de Maya e submete-se a ela. E encara a vida como uma melodia fluida que, nem bem entoada, e já rapidamente começa a se perder. quando o indivíduo apreende seu papel e sua participação na canção da vida, feita de desejo e sofrimento, para ele deixa de existir tristeza e decepção. O sofrimento e a alegria do cotidiano são elevados a êxtase, transformando-se em dança cósmica. Aquele que vê essa dança mística livra-se da corrente de renascimentos, e sua alma emerge no oceano de bem-aventurança (Ananda).




  Na dança de Tandava, Shiva é representado com quatro braços e as mãos. Com a mão direita superior ele segura um pequeno tambor, símbolo do primeiro som da criação. O som é associado, na Índia, com o éter, o primeiro dos cinco elementos. O éter é a manifestação penetrante da substância divina, da qual se desenvolveram os outros elementos, tais como o ar, a água, o fogo e a terra.




  A mão esquerda superior, cujos dedos assumem uma posição semelhante a uma meia-lua (Andhchandra-mudrã), traz em seu interior uma chama que simboliza a destruição do mundo. a mão direita inferior executa o gesto de afastar o medo ( Abhaya-mudrã), que garante proteção e paz. A mão esquerda inferior, que imita a tromba esticada de um elefante (Gaja-Hasta-mudrã),
simboliza Ganesha, o filho de Shiva, o removedor dos obstáculos.
  O pé esquerdo erguido, cuja adoração leva à união com o absoluto, simboliza o acolhimento e a salvação das almas. com o pé  direito ,Shiva subjuga o demônio Apasmara, o demônio do esquecimento e da desatenção, que simboliza a cegueira e a ignorância das pessoas. O dançarino cósmico, Shiva, está cercado por um anel de chamas, cuja origem provalvelmente deve ser buscada no aspecto destrutivo do deus.


  Na dança cósmica, reúne-se as cinco propriedades do deus Shiva:
1- Criação (Sristi)
2- Manutençaõ e proteção (Sthiti)
3- Destruição e renascimento (Samhara)
4- Jogo das ilusões, ou seja, a ocultação do ser verdadeiro (Tirobhava)
5- Graça, ou seja, acolhimento dos crentes (Anugvaha)
Estas cinco propriedades estão simbolizadas nas posições de seus mãos e pés.


  Oh, meu senhor, tua mão, que segura o tambor sagrado, colocou o céu, a terra, outros mundos e incontáveis almas no lugar correto. Tua mão erguida protege tanto a ordem consciente da criação como a inconsciente. Todos estes mundos são transformados pela mão que leva o fogo. tua mão esquerda dá abrigo às almas sofridas e cansadas. Teu pé erguido garante a eterna bem-aventurança a todos que e aproximam de ti.


Mudrãs - As mãos como símbolos-  *Ingrid Ramm-Bonwitt*






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